Trólebus – Solução para Transporte Limpo
Diante das necessidades em todo o mundo de redução do consumo de combustível fóssil e dos níveis de poluição, medidas urgentes devem ser tomadas, incluindo o setor de transportes, aponta o relatório da OMS – Organização Mundial de Saúde que apontou as 7 milhões de mortes por ano no mundo devido às más condições do ar.
Os trólebus hoje são considerados soluções eficientes para a melhoria das condições do ar, redução do consumo de combustível e também para o aumento do conforto dos passageiros.
De acordo com o Movimento Respira São Paulo, organização que discute os problemas relacionados à poluição na Capital Paulista e na Região Metropolitana, existem no mundo aproximadamente 360 sistemas de trólebus em 48 países, num total de 40 mil ônibus elétricos ligados à rede aérea.
No Brasil, o primeiro sistema de trólebus foi implantado na cidade de São Paulo, em 22 de abril de 1949, com a linha Aclimação/Praça João Mendes. De lá para cá, muita coisa evolui nos trólebus que se modernizaram, garante a indústria.
Hoje problemas ocasionados pela queda das alavancas que unem os trólebus aos fios da rede aérea e pelas interrupções de fornecimento de energia elétrica tendem a ser cada vez menores. Entre as principais inovações dos veículos e sistemas que já são realidade estão:
– Marcha Autônoma: Os trólebus que hoje saem das fábricas possuem baterias de armazenamento de energia elétrica. Caso haja um problema no fornecimento da rede, o trólebus pode operar de quatro a sete quilômetros mesmo sem estar conectado aos fios. Este percurso é suficiente para o trólebus chegar a um terminal, garagem ou ponto de recuo. O recurso também facilita manobras e descolamentos dentro das garagens reduzindo a quantidade de fiação e postes.
– Alavancas pneumáticas: Os pantógrafos, que são as alavancas que ligam os trólebus aos fios, possuem equipamentos que possibilitam a absorção de impactos e oscilações provocadas pela qualidade do pavimento. Com isso, as quedas das alavancas são minimizadas.
– Hastes Flexíveis: As hastes que sustentam os fios também são feitas com sistemas que absorvem melhor as oscilações evitando as quedas de pantógrafos. A maior parte das ocorrências de desprendimento das alavancas dos fios se dá por causa das condições das vias e não do sistema do trólebus. Por isso, que os trólebus hoje são indicados para projetos como os corredores exclusivos de ônibus BRT – Bus Rapid Transit, que possuem pavimento mais adequado para veículos de grande porte.
– Modernização Visual: Os equipamentos hoje usados para a rede aérea possuem design e materiais que causam menos impactos e interferências visuais. Há sistemas que podem fixar os fios em estruturas já existentes, como postes de rede convencional e fachadas, que reduzem o número de colunas para sustentação dos fios.
– Frenagem regenerativa: A energia não utilizada pelos trólebus quando param ou estão em condições de menos esforço e a energia gerada nas frenagens não são desperdiçadas. A exemplo do que é utilizado pelos carros de Fórmula 1, há métodos que transformam a energia cinética liberada nas frenagens em energia elétrica. Trata-se do Sistema de Recuperação de Energia Cinética, denominado KERS – Kinetic Energy Recovery System. Os veículos possuem dispositivos que armazenam a energia cinética gerada na desaceleração do trólebus e que seria desperdiçada e, em seguida, reutilizam em forma de energia elétrica.
– Corrente Alternada: Os trólebus atualmente operam com sistema de corrente alternada, considerado mais moderno que o anterior, de corrente contínua, permitindo mais eficiência e economia na operação e na aquisição de peças e equipamentos. A corrente alternada ou AC – Alternating Current é uma corrente elétrica que tem variações de sentido ao longo do tempo, se adaptando melhor a cada situação diferente durante a operação. Já o sentido da corrente contínua permanece constante ao longo do tempo. Na verdade, trata-se de uma forma de transmissão de energia, considerada mais eficiente. A corrente alternada é composta por fases e a contínua é constituída pelos pólos positivo e negativo.
– Custo menor e índice maior de nacionalização: O índice de nacionalização dos equipamentos dos trólebus aumentou nos últimos dez anos. Eixos de tração e outros componentes que antes eram importados, agora são produzidos no Brasil. Com isso, o custo para comprar, fazer a manutenção e operar trólebus caiu de maneira significativa. Antes o preço de um trólebus poderia ser de três a cinco vezes mais que de um ônibus comum da mesma categoria. Hoje é em média 1,8 vezes maior. Este custo é diluído pela economia na manutenção e pelo fato de os trólebus terem uma vida útil de duas a três vezes maior que a de um ônibus comum, podendo assim chegar a 30 anos sem comprometer a qualidade dos serviços prestados.
– Itens de conforto e segurança: com maior eficiência no uso da energia elétrica e com sistemas mais modernos de operação, conforme pode ser visto na introdução de equipamentos mais adequados às realidades operacionais brasileiras e no uso da frenagem regenerativa e do sistema de corrente alternada, hoje os trólebus podem ter mais equipamentos como monitores e câmeras que mostram ao motorista no painel a entrada e saída dos passageiros, monitores de TV para entretenimento dos passageiros, iluminação de LED, tomadas para recarga de baterias de celulares, notebooks e outros aparelhos eletrônicos e sistema de Wi-Fi, internet grátis. Soma-se a estes avanços, o fato de os trólebus não possuírem marchas e motor a combustão, o que reduz de maneira importante os níveis de ruído e solavancos.
Além dos trólebus, são alternativas limpas de transporte sobre pneus os ônibus elétricos-híbridos, que possuem dois motores sendo um a combustão e outro elétrico e os ônibus elétricos-puros sem alavancas, dotados de baterias e que não dependem da rede aérea e são recarrega no trajeto e na garagem.
No entanto, no Brasil muitos destes veículos estão em fase ainda inicial, alguns em testes, e os custos ainda são maiores que os dos trólebus, considerados atualmente veículos modernos cuja tecnologia já está pronta para ser ampliada nos atuais sistemas e instalada em novas redes de transportes urbanos e metropolitanos, sendo soluções de rápida implantação para problemas que precisam de medidas urgentes: a qualidade dos serviços de transportes, redução do consumo de combustível e a diminuição dos índices de poluição do ar.
Fonte: Ponto de Ônibus